terça-feira, 24 de março de 2015

starting from zero we've got nothing to lose

*Ou: algum dia eu voltarei a escrever sobre amores possíveis.

Eu não deveria me sentir assim. Supostamente eu não deveria sentir que uma parte de mim foi arrancada sem aviso prévio. Eu não deveria sentir que a qualquer momento o chão será retirado dos meus pés e uma longa e interminável queda terá inicio. Esse não era o plano. No fim das contas, apenas você cumpriu sua parte. Você interpretou o bom moço que não tinha a intenção de ferrar com a vida da garota e que apenas tentou causar o minimo possível de danos e incidentes ao mundo dela. E eu, bom, eu interpretei o papel da garota destinada a cometer os mesmos erros várias e várias vezes, sem nem ao menos se dar conta da merda em que se transformava sua vida. Um merda infinita. De qualquer forma, eu não deveria me sentir assim. Mas o problema é que a ferida ainda está aberta, e dói. Dói ainda mais quando se tenta seguir em frente. É como quando você machuca o joelho andando de bicicleta pela primeira vez e desiste de andar pelo resto da semana porque seu joelho esfolado é uma lembrança constante de que essa experiência pode dar muito errado no fim das contas. Eu sei que um dia o joelho vai sarar e eu vou lá no quintal tirar a poeira da bicicleta e me preparar para o sucesso ou para mais um fracasso. Só que esse momento não é o agora. O agora é o meu joelho esfolado, o agora é a constante lembrança do quanto eu sinto sua falta apesar de tudo. O agora é o "apesar de tudo". Apesar de tudo. Três palavrinhas. Apesar de tudo, tenho que me levantar amanhã e ir trabalhar. Apesar de tudo, tenho que comer pelo menos três refeições diárias. Apesar de tudo, o ônibus ainda demora pelos menos uma hora para chegar. E apesar de tudo, aquela bicicleta ainda está lá no quintal esperando por mim. 

4 comentários:

  1. Esse texto é muito verdadeiro!! Às vezes erramos e desistimos de tentar... Mas apesar de tudo a vida continua, e se queremos muito algo não podemos negar a vida e as oportunidades que ela nos dá! Cada erro é um aprendizado.

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  2. O que é a vida se não uma enorme prática do método da tentativa&erro? Faz parte.
    Acídia 28

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  3. Já entendi que a sua inspiração realmente voltou e com esses textos que eu amo, com essa linguagem que mistura um "merda" ali no meio e eu adoro. E sabe de uma coisa? Toda essa dor traumática me lembrou do livro que acabei de ler, Comer Rezar Amar é bem assim, com um fim de um relacionamento, a mulher transforma a vida dela e eu achei isso maravilhoso. Você precisa disso, transformar a dor e o medo em algo totalmente novo.

    Ps1: você me lembrou que eu quero comprar uma bicicleta.
    Ps2: TO ABRINDO O CHAMPAGNE MULHER. Arruma tempo praqui.

    Beijos. Tudo Tem Refrão

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  4. Me identifiquei tanto com esse texto. Acho que estamos no mesmo barco, viu?! Quem sair primeiro ajuda o outro, certo?

    Eu acredito que a gente tem que sentir a dor até o fim, esperar de verdade até o último segundo dela pra depois se jogar em uma nova paixão ou, como você disse, pra tirar a poeira da bicicleta para correr.

    Bora iniciar uma campanha de oração pra tudo isso passar?! :/

    Melhoras aí (e aqui!).

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